O desafio da comunicação não verbal no teletrabalho
Durante o isolamento, a linguagem verbal ganhou uma importância acrescida para uma comunicação eficiente. Contudo, não importa apenas o que é dito, mas também a forma como é dito e é nesta perspetiva que a comunicação não verbal, inerente ao ser humano, conduz aos maiores desafios em tempos em que a tendência são as telereuniões.
A mudança de hábitos e rotinas, impulsionada por uma pandemia inesperada, fez-nos mergulhar num mundo quase totalmente virtual para o qual a era digital já estava preparada. Mas esta não era a forma desejada ou idealizada por nenhum de nós.
O teletrabalho foi a solução mais viável encontrada por muitas empresas que, irremediavelmente, se viram obrigadas a readaptar os modelos de negócio e processos de trabalho para responder a este novo contexto. A telereunião passou a ser o meio utilizado para comunicar com os diferentes colegas de trabalho e equipas numa organização. Se por um lado esta interação tem aspetos positivos a nível da restruturação de processos e facilidade de comunicação à distância, por outro pode ser o fio condutor para um certo nível de relaxamento.
Comunicação não verbal
Com o passar do tempo, a tendência de relaxar e de adaptar os comportamentos à situação é crescente. E a verdade é que esta situação, que confinou cada um de nós às nossas casas, tem tudo para nos deixar descuidados. No entanto, se há algo que não pode ser descurado é a comunicação não verbal. Este tipo de linguagem é mais antigo que a própria linguagem verbal e, apesar do mundo ter mudado, a forma como comunicamos através da comunicação não verbal é basicamente a mesma.
Banalizamos, muitas vezes, a forma de comunicar e, quando queremos ser bem percecionados e assertivos, a nossa preocupação centra-se no que dizemos e não tanto na forma como dizemos e como estamos, inconscientemente, a comunicar de forma não verbal ou corporal. O importante de perceber é que o corpo denuncia o que está por trás das palavras.
A afirmação anterior é sustentada por um facto praticamente universal: o ser humano está programado, desde a nascença, para decifrar determinados traços que permitem concluir que um determinado indivíduo está feliz, triste, chateado ou assustado, por exemplo.
Tipos de linguagem não verbal
Partindo deste pressuposto, existem, essencialmente, 4 grandes tipos de linguagem não verbal:
1. Paralinguagem
Os sons emitidos ao comunicar e que não fazem parte do nosso vocabulário, desde o tom de voz, até às pausas entre palavras ou frases;
2. Proxémica
O espaço em redor e a forma como o comunicador o utiliza como, por exemplo, a proximidade ou distanciamento entre dois ou mais interlocutores. Este pode estar condicionado por diversos fatores: culturais, características dos próprios indivíduos ou nível de familiaridade;
3. Cinésica
Todos os movimentos/ações realizadas com o corpo - linguagem corporal. Engloba qualquer tipo de expressões faciais, gestos ou postura corporal.
- Expressões faciais: São uma parte inseparável da nossa comunicação. São universais e nós sabemos, mesmo que inconscientemente, as expressões faciais que acompanham emoções, como a felicidade ou o medo;
- Gestos: São movimentos intencionais utilizados para comunicar sem palavras, que podem ser, por exemplo, apontar ou acenar, ou não intencionais como, por exemplo, a forma como colocamos as nossas mãos ao conversar;
- Postura Corporal: Esta é a forma mais subtil de comunicação e que é, muitas vezes, difícil de interpretar a "olho-nu” ou em tempo real.
4. Características Físicas
Este divide-se em dois: os artefactos do interlocutor e os artefactos da envolvente. Quanto ao primeiro, refere-se às escolhas de roupa (e a sua cor) e qualquer outro fator que afete a aparência. Relativamente ao segundo, trata-se de todos os objetos que podem ser usados como ferramentas para influenciar, mesmo que inconscientemente, a perceção de um determinado indivíduo.
Importa perceber que estes elementos acontecem a todo o momento da atividade comunicativa e não é possível, simplesmente, desligar. Estão inerentes à comunicação e, para tal, deve ser reconhecida a sua existência, procurando estar constantemente alerta. Tal significa que é necessário entender de que estes elementos podem (e vão) influenciar a forma como somos vistos e como nos auto percecionamos para evitar o relaxamento.